CANTO REVELAD * Estátua

Para o Poeta Daniel Cristal

Vestiram-te de pedra, exímios, os cinzéis.

Assim se empederniu a carne, o sangue, a chama...

A plástica escultura, emoldurando anéis

em torno do que foi, saudade agora e fama.

Saudade que terás deixado em quem te amou.

A gratidão plural prestando-te homenagem.

A força no poder que em pedra te exaltou.

Perpétua veleidade em gélida miragem.

Do meu amor não tenho o rosto empedernido.

Nenhum cinzel talhou as curvas do seu rosto.

Nem fama nem anéis, só um ferido olvido

de lágrimas e pedra esculpe o meu desgosto.

Não grito nem protesto, encontro a diferença

dos homens ante o fim. Somente a diferença...

José-Augusto de Carvalho

4 de Novembro de 2002.

Porto Alegre * Rio Grande do Sul * Brasil

José Augusto de Carvalho
Enviado por José Augusto de Carvalho em 17/09/2006
Reeditado em 30/12/2018
Código do texto: T242352
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