A SAUDADE E A PAIXÃO
Uma pequena fragata
Corta o horizonte distante.
Eu sonho ser seu viajante
Na saudade que desata
A acordar -- em tempestade --
Esta paixão tão ardente
que dentro d´alma se sente
Por amar-te de verdade.
Sonho remar a fragata
Pelo oceano mais seguro
E encontrar o que a ti me ata:
A saudade e esta paixão
Tão ardente que murmuro
Suspirando o coração!...
(Alexandre Tambelli, para Carla, São Paulo, 20 de abril de 2008 - 14:36h).
Pensei, quando deste soneto, na rima consoante e aguda: paixão/coração colocada no último terceto (versos 12 e 14).
O que se pode dizer numa concepção preconceituosa de Poesia é que devemos evitar este par de rima. Eu reluto contra essas afirmações categóricas. O importante é como se constrói o poema para que se coloque esta rima. No caso do soneto, com uma temática amorosa caiu bem, na minha opinião. Foi o que senti, não sei se vocês enxergam como eu vi, amigos recantistas.
A retomada das palavras saudade e paixão no 12º verso, esta rimando com coração no 14º verso, anteriormente o vocábulo está no 6º verso - ainda na apresentação da ideia, na minha opinião trouxe um ganho, resgatei tanto o termo saudade (4º verso) como o termo paixão no terceto final e a rima paixão/ coração deu um desfecho ao soneto, dentro da ideia da chave de ouro, além de garantir a musicalidade e o ritmo do mesmo. Claro que outras rimas suportes, toantes e consoantes, o jogo entre palavras oxítonas e palavras paroxítonas, a redondilha maior, neste terceto, ajudam a assegurar a musicalidade e o ritmo do mesmo.
Bom final de semana recantistas queridos,
Abraços e beijos,
Alexandre!