Quem será?

Percorre todo o país à pressa

Fazendo aos eleitores a promessa

De tornar reais os seus anseios.

Mas só do voto se interessa

E o que quer é montar depressa

Para lhe pôr albarda e arreios.

Procura intensamente o voto

Mas não é do eleitor devoto

Após a obtenção do que quer.

Pois no seu intimo, ignoto,

Vazio e de sentimento roto

Faz da ingratidão o seu mister.

Beija e saúda com um sorriso

Porque sabe que é preciso

Conquistar a simpatia;

O que redunda em prejuízo

Daquele que não tem juízo

E na palavra dele se fia.

Muitas das vezes mente

Dizendo aquilo que não sente

Para agradar aos ouvintes.

Louva e adula directamente

Um qualquer tipo de gente

Sem se importar com requintes.

Faz discursos docemente

E trata a todos como gente

Quando em tempo eleitoral.

Mas olha como número somente

Quem do voto lhe faz presente

Depois de subido ao pedestal.

Corta direitos e outras regalias

E é especialista em tosquias

Sem respeito pela pele alheia.

Mas dá subsídios e mordomias

Aos amigos, tios ou tias

E aos bóis de que se rodeia.

Aprova na hora apetecida

Leis que faz à sua medida

Tornando legal o que o não era.

Defende, apoia e dá guarida

Tendo gorda e bem nutrida

Gente que gravita na sua esfera.

Alberto Carvalheiras
Enviado por Alberto Carvalheiras em 17/09/2006
Código do texto: T242277