Quem será?
Percorre todo o país à pressa
Fazendo aos eleitores a promessa
De tornar reais os seus anseios.
Mas só do voto se interessa
E o que quer é montar depressa
Para lhe pôr albarda e arreios.
Procura intensamente o voto
Mas não é do eleitor devoto
Após a obtenção do que quer.
Pois no seu intimo, ignoto,
Vazio e de sentimento roto
Faz da ingratidão o seu mister.
Beija e saúda com um sorriso
Porque sabe que é preciso
Conquistar a simpatia;
O que redunda em prejuízo
Daquele que não tem juízo
E na palavra dele se fia.
Muitas das vezes mente
Dizendo aquilo que não sente
Para agradar aos ouvintes.
Louva e adula directamente
Um qualquer tipo de gente
Sem se importar com requintes.
Faz discursos docemente
E trata a todos como gente
Quando em tempo eleitoral.
Mas olha como número somente
Quem do voto lhe faz presente
Depois de subido ao pedestal.
Corta direitos e outras regalias
E é especialista em tosquias
Sem respeito pela pele alheia.
Mas dá subsídios e mordomias
Aos amigos, tios ou tias
E aos bóis de que se rodeia.
Aprova na hora apetecida
Leis que faz à sua medida
Tornando legal o que o não era.
Defende, apoia e dá guarida
Tendo gorda e bem nutrida
Gente que gravita na sua esfera.