O Louco

O Louco

Ele dizia rindo: “Agora, anjo?

Eu já caí, Miguel, porque me apensa?"

O desvairado achava o braço o arcanjo.

“Um anjo?” Eu lhe mostrava, era doença!

Mas tudo que ele via ardia em crença.

Então pensei, será? Que desarranjo!

Ele não mente, vive o que ele pensa,

Eu minto tanto... Sinto-me um macanjo...

Ó Deusa da loucura, dá-me o riso,

O riso desta doce insanidade,

A embriaguez perene... Eu rio tão pouco...

Tem piedade! Ocupa o meu juízo!

Assim quem sabe eu um sábio de verdade:

Um ser feliz. Feliz como este louco!

Ivo Tavares
Enviado por Ivo Tavares em 04/08/2010
Reeditado em 05/08/2010
Código do texto: T2417447