DO EXISTIR TERRENO

"Se tu olhares, durante muito tempo, para um abismo, o abismo também olha para dentro de ti".

-- Nietzsche --

Oh, corpo mortal! Que a morte venha beijar tua pálida face

E, nesse ósculo fugidio, traga a sorte do sabor do frio,

Verminoso arrepio, podridão de células em desenlace

No embrace macio da escuridão; e a plena sensação do vazio.

Oh, matéria humana! Ouça! O oco da terra grita, reclama

O direito da lousa em devorar-lhe a carne, beber-lhe o sangue,

Forrar com teus ossos, os profundos fossos, telúrica cama;

Sorver o teu plasma, fundir solo e alma, e torná-los mangue.

Não vês que tua pátria é o pó, a larva e o negrume do abismo?

Por que então insistes nessa falsa vida, se ela não existe?

Acaso esquecestes a marca de enxofre de teu idealismo?

Entrega-te a curva de aço da foice, mecanismo universal,

Pois há um vulto só, triste, cujo dedo em riste, não desiste,

E aguarda o consentimento cabal para o inevitável final.

>>KCOS<<

Karlla Caroline
Enviado por Karlla Caroline em 04/08/2010
Reeditado em 04/08/2010
Código do texto: T2417311
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