PÓ(EMA) DA SAUDADE

Por que desta lembrança não há o pó

Percebendo-o na tez sem a saudade

-- Companheira da dor -- que sem ter dó

Não tem rastros de pó como unidade?

O árduo de só lembrar do que é essencial

Ao encontro da unidade traz ao ser

A vivência (in)contínua, sem o Sal

Que confere pra Vida o acontecer.

Ah! palavra na noite silenciosa!

Ah! poesia sem Vida: vitoriosa!

E o poeta, solitário, no delírio --

Pelas Mãos do bom Deus a hora eterniza;

Crava (só) em folha o pó: triste batiza

Seu poema na água benta do martírio...