O POETA E A LAVADEIRA
Assim como a lavadeira, Das Dores Maria,
Vestida com um lindo e listrado avental;
O poeta, em dores, estende a sua poesia,
Nas linhas da página, como se fosse varal.
Sua dor esquece, Maria. Tão feliz, assobia,
E, como Das Dores Maria, faz ele, o poeta;
Nas linhas da página, estende a sua poesia,
E faz alva a sua alma da mancha que o afeta.
E assim, quem passa vê alvas no varal de Maria,
As roupas que ela lava. E, enquanto lava assobia,
Um belo cantar que esconde as suas dores;
Assim faz o poeta, tão cheio de amor e carinho,
Estende no varal a poesia. Esquece os espinhos,
E a quem passa... Ele entrega um buquê de flores.