SAUDADADE GÉLIDA
Quando ao findar daquela fria tarde,
Onde me deste adeus, indo embora;
Colocastes uma pedra, que inda arde,
Em minha alma, como se fosse agora.
Inda hoje sinto no rosto o vento frio,
E, o sol a deitar-se sobre o horizonte;
E, inda sinto o murmúrio vindo do rio,
Foram-se anos, mas parece... Ontem.
E, assim hoje, nesta tarde de inverno,
Pouso meu olhar sobre este caderno,
E, recordo-me daquela tão fria tarde;
E, derramo sobre a página tão branca,
A neve desta saudade, tão fria e franca,
Que neste soneto em meu peito arde.