O MENDIGO

Depois da noite mal dormida e triste

Sob a ponte onde o trânsito infernal

Faz um barulho que ninguém resiste...

Sai o mendigo a recolher jornal.

A fome o sacrifica, doem-lhe os pés

Mas, é preciso caminhar, com frio.

Qual triste prisioneiro das galés

Doem-lhe os nervos e sente calafrio.

No lixo uma maçã deteriorada,

Um pé já murcho de uma crespa alface:

Desjejum ao estômago sem nada

Em vez de um rico lanche de alta classe.

Pobre filho de Deus, sofrendo tanto,

Deixa o tempo passar e seca o pranto!