PIEDADE

Meu hoje é de clemência e mais nada

Nada de lamentos, sofreres e nostalgias

Nem amor e nem dor me sacia

Pois um gemido é chama na voz suplicada

É trôpego meu caminhar nessa vida insana

Vagando pelos jardins edênicos

Com os olhos ausentes e cênicos

Perdido na minha imensidão humana

Que a realidade seja luz na compaixão

E tenha piedade desse ser enluarado

Desse poeta pelo sonho enclausurado

Á deriva no universo da ilusão

Piedade por minha negligencia e culpa

E a esse vão mistério que no amor sepulta

Todas as saudades de torturantes chamas

Piedade enfim, por meus frios dias

Por minhas longas noites vazias

E a essa tosca alma que pelo perdão clama.