SOBRE ESCREVER
Anjos de Augusto, de tuas asas arranco
a pena do expressionismo, que se veste
em meu sarcasmo de entusiasmo manco,
mas contagioso como os poros da Peste.
Trago pedras por baixo de panos brancos
e, por escrito, palavras de cipreste.
A pele de rinoceronte nos flancos,
protege-me a língua de quem a conteste.
Mas nem sempre o contexto do que escrevo
é protesto, por vezes, simples pretexto
a dar vazão ao meu vômito medievo.
O certo é que há gritos amaros, malditos,
e meus dedos, são canais, sentido sexto,
no qual vozes se convertem em manuscritos.
>>KCOS<<