COMÉRCIO DA MORTE

A morte de hoje não é nada natural

não era antes um objeto de mercado

morria-se em batalhas assassinados

não isolado na solidão do hospital

a morte consiste no fim de todo milagre

nosso indício da singularidade

virtude estranha a luz da felicidade

pra provar então que se viveu que se morre

tenho hora marcada para o velório

um lugar que se chora vivo a despedida

a dor ultima que em túmulo trancafio

pela morte que forjamos nossa cultura

como se viveu o parâmetro da medida

com vinte e quatro prestações pra sepultura.

SB Sousa
Enviado por SB Sousa em 23/07/2010
Código do texto: T2394186
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