COMÉRCIO DA MORTE
A morte de hoje não é nada natural
não era antes um objeto de mercado
morria-se em batalhas assassinados
não isolado na solidão do hospital
a morte consiste no fim de todo milagre
nosso indício da singularidade
virtude estranha a luz da felicidade
pra provar então que se viveu que se morre
tenho hora marcada para o velório
um lugar que se chora vivo a despedida
a dor ultima que em túmulo trancafio
pela morte que forjamos nossa cultura
como se viveu o parâmetro da medida
com vinte e quatro prestações pra sepultura.