Salmo à Lua
Ah minha amada Lua, quero a tua volúpia branca
Nos teus braços imaculados receber sobre a boca,
Minh'alma, que na tua imagem admira as ancas
Das mulheres febris que me tocam como loucas!
Este peito já em "coma vígil" muito se assemelha,
Aos mágicos clarões que a tua vista me touca;
O teu arpéu me agrarra e minha força engelha,
E digo que dou toda a vida... e seria ainda pouca.
Ao teu olhar brilhante, mar ora calmo ora em fúria,
Canta a minha paixão um salmo de noite profundo,
Como o aulido ao luar de um lobo a livre luxúria...
- Salmo de enfado e pesar, aúste, do meu inverno,
E no entanto eu te observo e a desejo, ó meretriz,
Dos notívagos que sou gregário quase que eterno.