Soneto à solidão!
Sem solidão não posso nem sonhar
vagar por entre estrelas do meu céu,
errar na noite afora, só, ao léu,
fazer bolhinhas de sabão no ar!
E galopar no lombo d'um corcel
na aveludada noite sem luar...
Sequer posso pensar, sentir, amar,
Colher na mata minha o doce mel!
Sem solidão não sinto a cor da vida!
Curar a mágoa, a ira, ou ferida,
Não há como sentir, sequer pensar...
Preciso ficar só, orar na ermida,
sentir meu próprio corpo, me tocar...
Sem solidão não posso versejar!