Solidão

Estrela solitária que me espias

Na desolada paz do ermo silente,

Talvez penses nas suaves alegrias

Que nos meus olhos viste antigamente.

Hoje, estrela formosa, não mais guias

Os meus passos de sombra penitente,

Pois que os sonhos que tu me prometias

Foram rosas pendidas lentamente.

Por julgar-te a padroeira dos amantes,

Enganado segui na terra impura

Tantos olhos que te eram semelhantes.

Tréguas enfim à doce vassalagem:

Neles não há firmeza nem ventura,

Formados muito embora à tua imagem.