À Beleza
Agrada-me, amor, vossa beleza:
Imaginá-la podre e descomposta...
A carne do teu seio, quase exposta,
Fedendo-se ao sabor da natureza.
Dos lábios que beijei na singeleza
Vislumbro-os na lama assim disposta,
Enchendo-se de germens e uma crosta
De lodo em cadaverica frieza.
Mas vejo-te agora, enquanto viva,
Sorrindo-me do leito despertino
A exalar esta frescura altiva
E vem a revoltar-me o intestino
Uma náusea de escárnio convulsiva
Lembrando o teu patético destino.