* SOMENTE O AMOR ME JULGARÁ *

Se acaso tu me julgas, assim, sem defesa

Como poderás ter, em ti, tanta certeza

De que fui o culpado de tanto dissabor...?

Se me lançastes o desprezo em pleno rosto

O sabor amargo do absinto em teu desgosto

Substituirá o fogo e o mel do nosso amor...?

Pois foste tu que como “anjo” me chamastes

E em todo tempo os teus lábios murmuravam

Doces palavras aos meus ouvidos, e ganhastes

A minha alma; e que o meu corpo abrasavam...!

E quando sabes que sou teu inteiro escravo

Desferes golpes, e os meus gritos lancinantes

Não te incomodam ao perfurar-me cravo a cravo

Quando ´inda ontem nos fazíamos tão amantes...?!

*** Quem somos nós para julgarmos alguém e o condenarmos antes de concedermos qualquer direito de defesa...! ***