Via Láctea
Pequeno pedaço do pó do universo
Amo o sopro da terra de onde tu emana
Buraco negro, teus olhos, onde caio emerso
Num empuxo obscuro me atrai soberana.
Teu lábio é um rastro das caudas dos cometas
Rubro riso, retilíneo, empresta brilho ao céu,
Com inveja orbitam taciturnos os planetas
Formando num anel verossímil carrossel.
Pálidas estrelas ofuscadas por tua tez
No vácuo absoluto de um silêncio sonoro,
Choram ásperas gotas de granito e meteoro.
Quero contar teus cabelos por semana, dia e mês
Celebrando, desse jeito, teu pequeno infinito,
Observar teu universo, fazer disso o meu rito.