Dois sonetos de amor

I

Não quero mais o teu beijo

Que tanto prazer me trouxe

Que é úmido, inquieto e doce,

Mas mirrou o leite do meu seio.

É verdade que ainda te desejo

E a tua presença arde em meu ser,

Mas não quero o que dói e dá prazer;

Que ora é inteiro, ora é meio .

Hoje, por uma razão qualquer,

Só quero o que convém e apraz

Meu espírito de mulher,

Que cansado de sofrer

Prefere a calma de "amar" em paz

Que o torpor de tanto prazer.

II

Pensas que a dor

Não pode habitar um ser

Que experimenta o amor

E a delícia do prazer.

Por isso, ao revés,

Buscas a eterna felicidade

Alhures, sem saber que és

A diversa realidade,

Porém ao "afastar" a dor,

Que evitas e que te faz sofrer,

Esqueces-te que a inquietude

Do ser é a sua virtude,

e ao negares a dor do prazer

Demites também o amor.

walber wolgrand
Enviado por walber wolgrand em 10/07/2010
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