Sem disfarce

Na frente desse espelho estou agora,
nem tento, não, fugir de meu olhar,
minúcias passo, então, a debulhar,
e vejo, logo, as marcas de uma aurora;
 
em minha tez um mapa bem traçado,
veredas, ruas, trilhas, mil atalhes
conduzem-me, sem erro, aos meus detalhes,
de volta me transportam ao passado.
 
Exploro, pouco a pouco, a minha face,
a recordar amores meus, amantes,
nas cicatrizes, rugas, fendas, vincos.
 
Embora a minha vista já se embace,
e não enxergue tudo, tal qual antes,
percebo, enfim, batom e ruge, brincos.

 
Cuiabá, 4 de Julho de 2010.
Sonetos diversos, pg. 45

Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 04/07/2010
Reeditado em 19/08/2020
Código do texto: T2357200
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.