Sem disfarce
Na frente desse espelho estou agora,
nem tento, não, fugir de meu olhar,
minúcias passo, então, a debulhar,
e vejo, logo, as marcas de uma aurora;
em minha tez um mapa bem traçado,
veredas, ruas, trilhas, mil atalhes
conduzem-me, sem erro, aos meus detalhes,
de volta me transportam ao passado.
Exploro, pouco a pouco, a minha face,
a recordar amores meus, amantes,
nas cicatrizes, rugas, fendas, vincos.
Embora a minha vista já se embace,
e não enxergue tudo, tal qual antes,
percebo, enfim, batom e ruge, brincos.
Cuiabá, 4 de Julho de 2010.
Sonetos diversos, pg. 45