SONETO DAS QUATRO ESTAÇÕES
A natureza em folguedo ao raiar da primavera
O amor se achegando e a alma a se regozijar
Embevecida de emoção, envolta em doce quimera
Feito pássaro em festa, saltitante a gorjear
Sentimento que arde em chama com o verão a despontar
Radiante, o peito esquece toda a dor e todo o pranto
Que outrora existiram e, enfim, cederam lugar
A um grande contentamento, razão do meu mais terno canto
Chegou, porém, o outono e trouxe consigo a saudade
Resquícios de um grande amor que era vida em plenitude
Expulsando então do âmago o sonho e a felicidade
Veio em seguida o inverno e tornou gélido o meu ser
De onde emana tão somente essa angústia, essa inquietude...
Que aos poucos vão deixando vestígios em meu viver