SONETO DAS QUATRO ESTAÇÕES

A natureza em folguedo ao raiar da primavera

O amor se achegando e a alma a se regozijar

Embevecida de emoção, envolta em doce quimera

Feito pássaro em festa, saltitante a gorjear

Sentimento que arde em chama com o verão a despontar

Radiante, o peito esquece toda a dor e todo o pranto

Que outrora existiram e, enfim, cederam lugar

A um grande contentamento, razão do meu mais terno canto

Chegou, porém, o outono e trouxe consigo a saudade

Resquícios de um grande amor que era vida em plenitude

Expulsando então do âmago o sonho e a felicidade

Veio em seguida o inverno e tornou gélido o meu ser

De onde emana tão somente essa angústia, essa inquietude...

Que aos poucos vão deixando vestígios em meu viver

Lourdes Cúrcio
Enviado por Lourdes Cúrcio em 29/06/2010
Reeditado em 29/06/2010
Código do texto: T2348044