Impiedade
No peito se aperta uma agonia
Tomando todo espaço existente
Causando uma vontade tão premente
De dar ao coração a alforria.
Em descompasso, ele luta bravamente
Não sabe mais vestir-se de alegria
E vive a cultuar, em disritmia
A dor que o assola incomplacente.
Se aos poucos vai sangrando em desvario
Sem ter onde aplacar seus desalentos
Já não se crê, nem quer sentir mais piedade
Chama de algoz a insistência da saudade
Em vez em quando vir lembrá-lo de momentos
Em que brincava com a tristeza em desafio.