Lasta (soneto da desencarnação)
Um dia para Deus ousei perguntar:
Quando será meu derradeiro adeus?
Alguns canários ouvirei cantar?
Será que choverá pranto de Deus?
Quantas brancas nuvens verei passar?
Quando olharei a tarde escurecer?
Uma rosa mirei desabrochar.
Com olhos para terra perecer
Vejo um poético anoitecer,
O Céu rosicler se tornará um breu.
Seu beijo minha face vai molhar,
Não sentirá mais o cabelo meu.
Em meu rosto lágrimas gotejar
O seu pranto como se fosse meu.