SONETO TRISTE
Eu sou um pobre passarinho
Que canta triste numa gaiola,
Longe da amada e do carinho
Que vive de migalhas e esmola.
Eu sou uma pedra no caminho
Que nada atrai, nada consola;
Uma seca vil que tudo assola,
A solidão contida no espinho...
Eu sou um vento frio de inverno,
Uma chuva fina, um roto caderno
Que ninguém quer nem dá valor.
Eu sou uma ilusão, uma fantasia,
Uma alma abatida, cansada e vazia;
Um coração solitário e sem amor.