O menor abandonado precisa de um olhar
Um menino calado, corpo magro, descalço
Andando pelas ruas escuras e obscuras
Vivendo a experimentar muitas amarguras
Descobrindo tão cedo a dor em cada encalço.
Dor sublime, dentro de um corpo com frio
Cobertores que não esquentam, não trazem acalanto
Tem horas que nesta vida triste o pranto,
Arranca de dentro do peito arrepio.
Menino que sente miséria na fome
Pede, implora, humilha o alimento
Sua vida e de irmãos é um tormento
Mas acha que isso preocupa o homem?
O menor abandonado, quem há de lembrar?
Tirá-los das ruas, dar-lhes um lar, fim do sofrer?
Uma vida digna, um sonhar, um novo viver?
Uma escola para estudar, um futuro a realizar?
Os homens não lembrarão, eles veem, mas não tem ação
Porque simplesmente eles não tem coração.