O CIGARRO E O BATOM

O passado é como fumaça que se ausenta,

Deixando só o resto de cigarro ainda aceso,

É nicotina que mesmo matando... Alimenta,

Quem não mais se agüenta de estar preso.

O pobre cigarro, já sem rumo, sente o vento,

Toca-lhe a alma e como sangue cinza escorre;

Não há saída, mas apenas um triste lamento,

Quanto mais se acende, mais se morre.

Mais que o passado, o futuro lhe será cruel,

Reserva-lhe um cálice todo repleto de fel,

Deve ser bebido mesmo que ânsia lhe traga;

E tão só, o resto de cigarro ainda aceso,

Que não agüentava mais, todo indefeso...

Ouve passos, e uma sandália o esmaga.

Amarildo José de Porangaba
Enviado por Amarildo José de Porangaba em 18/06/2010
Código do texto: T2328056
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