O CIGARRO E O BATOM
O passado é como fumaça que se ausenta,
Deixando só o resto de cigarro ainda aceso,
É nicotina que mesmo matando... Alimenta,
Quem não mais se agüenta de estar preso.
O pobre cigarro, já sem rumo, sente o vento,
Toca-lhe a alma e como sangue cinza escorre;
Não há saída, mas apenas um triste lamento,
Quanto mais se acende, mais se morre.
Mais que o passado, o futuro lhe será cruel,
Reserva-lhe um cálice todo repleto de fel,
Deve ser bebido mesmo que ânsia lhe traga;
E tão só, o resto de cigarro ainda aceso,
Que não agüentava mais, todo indefeso...
Ouve passos, e uma sandália o esmaga.