Angústia
Oh alma fúnebre que me pertence, donde estou?
Tudo me passa, o mundo me passa, e não vejo!
Pois que nada me toca o corpo, um vão desejo;
Calor escuro, suor gelado, não define o que sou!
A vida que contempla o destino em mim deixou,
Uma imensidão suntuosa. Ouvira o meu pejo
Na transparência infindável de um idôneo beijo,
Numa perpétua cobiça de regalos, e se findou!
Num branco desejável de luz plena e ternuras
Clareia-me a lua, em meio às nuvens escuras,
No neurótico e perpétuo tempo, que me conduz!
Diga-me! Oh criatura, que me faz de ti saudade,
Donde estou? Oh, clamo-te! Em sua lealdade:
Faz de a tua voz a verdade rígida que me traduz!
(Poeta Dolandmay)