Traição

Estou cativo, despreparado, nu em teus seios,

e o mundo se mexe, e os embriões se mexem, únicos.

Estou amado... e outrora amável, mantinha-me úmido,

renegando o frio, desajeitando os nossos meios.

Foi quando, enfim, descobri teus sentimentos... Amei-te !

E usei minhas concepções, e alterei minhas opiniões.

...e a vida caminhou, tranquila e barulhenta, a plenos pulmões.

...e fomos, em essência, um belo matrimônio... Sanei-me !

Mas há agora uma vírgula, daquelas que traduzem as ilusões.

Mas há agora uma névoa, e tudo, aos poucos, se desfaz,

cara a cara, moderno, sem trajetos ou alusões.

E perco as estribeiras... Sou poeta antigo, sou amigo, meio amor.

Mas há também minhas culpas, meu grito desajeitado, o contraditório...

Permaneço mais cativo do que nunca... és traidora, minha flor !

Marcos Karan
Enviado por Marcos Karan em 14/06/2010
Código do texto: T2320004
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