Traição
Estou cativo, despreparado, nu em teus seios,
e o mundo se mexe, e os embriões se mexem, únicos.
Estou amado... e outrora amável, mantinha-me úmido,
renegando o frio, desajeitando os nossos meios.
Foi quando, enfim, descobri teus sentimentos... Amei-te !
E usei minhas concepções, e alterei minhas opiniões.
...e a vida caminhou, tranquila e barulhenta, a plenos pulmões.
...e fomos, em essência, um belo matrimônio... Sanei-me !
Mas há agora uma vírgula, daquelas que traduzem as ilusões.
Mas há agora uma névoa, e tudo, aos poucos, se desfaz,
cara a cara, moderno, sem trajetos ou alusões.
E perco as estribeiras... Sou poeta antigo, sou amigo, meio amor.
Mas há também minhas culpas, meu grito desajeitado, o contraditório...
Permaneço mais cativo do que nunca... és traidora, minha flor !