SONETOS DA MONTANHA.
SONETO 1
Ouviu-se um clamor que caía como chuva
Permeando jardins dos pensamentos secretos
Seu som cabe aos ouvidos e mão e luva
Contando fábulas encantadas dos sátiros
Os sonhos levantam-se de um sono profundo
Mostrando-lhe as setas para o infinito
Não encontro os mares e lugares, confundo
Buscando o instinto que hoje é extinto
A voz ascende ao alto que é o seu lugar
A luz que cai, desenha as formas naturais
Apaga a noite que não se pode enxergar
De cima, amores são vistos como orações
Viagens ao céu impossíveis de divulgar
Olhando na face de anjos celestiais.
SONETO 2
Antes que daqui desapareça por completo
Dei-me novamente seu último beijo
Outra chance de criar em mim seu desejo
Outro beijo e eu acordo... Desperto
Os dias parecem longos como o deserto
Por mais que os anos passem não percebo
Mostre-me a energia e eu a recebo
Nossos campos imortais te querem por perto
Envolva-me com sua chuva delicada
Guarde em meu coração seus segredos
Construa nas alturas, nossa nova morada
Somos fagulhas de luz perdidas no deserto
Querendo fugir das areias que dão medo
Subindo montanha, que é o caminho certo.