A FACE OCULTA
Tal qual o lago de água clara e mansa
Que engana a todos, como falso amigo,
Mostrando a superfície de esperança,
E acobertando um mundo se perigo,
O homem também parece uma criança
Cheia de vida, no calor do abrigo,
A transbordar em sonhos de bonança,
Isenta de cobiça e de castigo!...
Mas, o lago reflete na água clara
A boca perigosa e se escancara,
Pronto para tragar a presa inculta.
Porém, o homem, engana, ilude, mente,
E esconde o bote como atroz serpente,
Mais perigoso pela face oculta!
Salé, 19/07/1980