BOÊMIO CANTANTE [CCXIV]

Canto para afogar-me os ais;

e, quando a fossa me aperreia,

eu nem lhe bato de correia,

apenas canto muito mais.

Em meus cantares, ademais,

um ar poético se enleia

dos teus mistérios na cadeia

e escalo sonhos musicais.

Boêmio, canto os teus encantos,

tão matizados de saudades,

sons que desatam dos meus cantos.

Hás de me ouvir, na voz do vento,

as mais sutis intimidades

– preces ao teu contentamento.

Fort., 31/05/2010.

Gomes da Silveira
Enviado por Gomes da Silveira em 31/05/2010
Reeditado em 31/05/2010
Código do texto: T2290914
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.