BOÊMIO CANTANTE [CCXIV]
Canto para afogar-me os ais;
e, quando a fossa me aperreia,
eu nem lhe bato de correia,
apenas canto muito mais.
Em meus cantares, ademais,
um ar poético se enleia
dos teus mistérios na cadeia
e escalo sonhos musicais.
Boêmio, canto os teus encantos,
tão matizados de saudades,
sons que desatam dos meus cantos.
Hás de me ouvir, na voz do vento,
as mais sutis intimidades
– preces ao teu contentamento.
Fort., 31/05/2010.