Pétalas de lírio (Soneto IV da loucura)

A minha frente papéis e incertezas,

Coloca-me a pena à mão o cárcere

Mergulhando meu ser na estranheza

De porvir encontrar perdida chave.

O lírio que cai de mãos pequenas,

Mostra-se livre em cada torta letra

A seguir moça de rubras melenas

Lúdica, dança a fim que eu padeça.

As éguas antropófagas me fitam,

Querendo a carne pura de minh’alma

Gruem ferozes a cada efialta.

Chegam-me idéias que desatinam,

Ardentes olhos, a loucura cega.

Eis que inexisto onde letras definham.

* P.S: Soneto inspirado no livro, A caverna das idéias de José Carlos Somoza.

Rio de Janeiro, 25 de março de 2010.

Well Calcagno
Enviado por Well Calcagno em 26/05/2010
Reeditado em 26/05/2010
Código do texto: T2280103
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