Pétalas de lírio (Soneto IV da loucura)
A minha frente papéis e incertezas,
Coloca-me a pena à mão o cárcere
Mergulhando meu ser na estranheza
De porvir encontrar perdida chave.
O lírio que cai de mãos pequenas,
Mostra-se livre em cada torta letra
A seguir moça de rubras melenas
Lúdica, dança a fim que eu padeça.
As éguas antropófagas me fitam,
Querendo a carne pura de minh’alma
Gruem ferozes a cada efialta.
Chegam-me idéias que desatinam,
Ardentes olhos, a loucura cega.
Eis que inexisto onde letras definham.
* P.S: Soneto inspirado no livro, A caverna das idéias de José Carlos Somoza.
Rio de Janeiro, 25 de março de 2010.