M U S A
MUSA
Obrigado por seres tanto caridosa,
li nas entrelinhas um quê de piedade.
Sabes bem, mulher, que é absoluta verdade,
são plumas caídas em terra, alma bondosa.
Mas, resistir-te a tantas nuanças, quem há de,
se tens no corpo aromas de ninfas e rosas;
se dengos exalas das musas perfumosas,
hás de deitar nos corações terna saudade.
Nem sonhes, poeta, ao criar a poesia,
logo terás uma tumba só tua... e fria
onde os vermes são as musas de acre sabor.
É carícia o sonho, eu sei. Não te iludas tanto,
não sulque tua face a dor do amaro pranto.
Não terás nunca seu corpo e nem mesmo o amor.