M U S A

MUSA

Obrigado por seres tanto caridosa,

li nas entrelinhas um quê de piedade.

Sabes bem, mulher, que é absoluta verdade,

são plumas caídas em terra, alma bondosa.

Mas, resistir-te a tantas nuanças, quem há de,

se tens no corpo aromas de ninfas e rosas;

se dengos exalas das musas perfumosas,

hás de deitar nos corações terna saudade.

Nem sonhes, poeta, ao criar a poesia,

logo terás uma tumba só tua... e fria

onde os vermes são as musas de acre sabor.

É carícia o sonho, eu sei. Não te iludas tanto,

não sulque tua face a dor do amaro pranto.

Não terás nunca seu corpo e nem mesmo o amor.

Afonso Martini
Enviado por Afonso Martini em 23/05/2010
Reeditado em 25/05/2010
Código do texto: T2273892
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.