Como flor que aguarda a aurora,
assim é a mulher que sofre e ama.
Com olhos orvalhados pela demora,
na madrugada da vida, lágrimas derrama.
Ela é sonho que acaba antes da hora.
É a fumaça, sem ter sido a chama.
É a esperança sem fé, que ajoelha, chora e ora.
É vida marcada, tragédia e drama.
É jardim de espinhos sem a beleza da rosa.
É vivência sem verso, rima ou prosa.
Em dias morosos, presa no eterno seguir.
É o sonho roubado pela realidade impiedosa.
É penitente sem pecados, a vida é cela chorosa.
Não vive de alma, é um mero existir!
Miguel Jacó
Não forjastes os teus versos sem alentos,
Tão somente relatas com propriedade,
Tu é mulher e sente estas calamidades.
Corroendo as tuas entranhas noite e dia.
Se as vezes te renova em pensamentos,
Logo vem outro destroço sem medidas,
Revogando os mais desejados alentos,
Reabrindo as pisaduras e as feridas.
Tua face ainda assim é tão reluzente,
Sonegando intensa dor sem expressar-te,
Penitente com esta cruz a massacrar-te.
Aniquilada ao que parece este teu ver,
No aguardo das sagradas providencias,
Segue a vida com suas reminiscências.
***
Obrigada meu anjo, por mais esta bela interação.