Lamentação

 

Encheste-me de amor, tão puro, e delicado.

E num instante me deixaste, por esquecer,

Triste nas correntes mortas d’um regado,

O que a pouco, num fato, puseste se perder.

 

Vieste-me a sussurrar num real amargurado

Os anseios que guardaste, por não perecer,

Sob as lembranças dum coração inveterado,

A paixão, que de mim, põe-se a enlouquecer.

 

E, nestes lamentos que te oculta à verdade,

Dispõe a não perder a porção do meu peito

Que já adormece! Oh Amor, na tua saudade.

 

Pois, com os pés ao alto do que me encanto,

Não mais sou de tua cobiça o ser perfeito:

Eu sou o que és de mim, teu mesmo pranto!

 

(Poeta- Dolandmay)

Dolandmay Walter
Enviado por Dolandmay Walter em 11/05/2010
Reeditado em 13/05/2010
Código do texto: T2250733
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