Tive Sono

N'outra vez, vivi um rei fora do trono,

E adentrei com mais bravura nesta onda,

Cuja crista é o denodo que me ronda,

E sua base, a ata que me faz colono.

Soçobrado em abrupto abandono,

Percebo a reta que se fez redonda;

Afogo, sóbrio, o medo que me sonda,

Pois que acordei -- tarde, eu sei: tive sono.

Caí na face oculta d'outra face,

Mas acordei, e meu olhar renasce

Do colírio que deste sem querer...

Pingaste gotas de um amor fugaz,

Que à minha vista não apetecem mais,

Num misto fúnebre de ira e prazer.

Preto
Enviado por Preto em 11/05/2010
Reeditado em 26/05/2010
Código do texto: T2250306
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