Navalha fina (2)

Navalha fina corta a minha tez,
penetra fundo a carne, sangra o imo,
e jorra todo sangue, lá, no limo,
sem ter sequer um gesto mais cortês;
 
os sonhos, todos, mata com friez,
e tira o que eu adoro, mais estimo,
um gesto de carinho, ou mesmo, mimo,
deixando-me do jeito que tu vês.
 
Navalha tão cortante, fundo fere
o meu viver, tão cheio de langores,
apenas solidão, que habita os mares.
 
Por mais que eu faça, tanto, assim, me esmere,
e mesmo que sonetos, sempre, gere,
jamais expresso todos os penares.
 
Brasília, 8 de Maio de 2010.
Seivas d'alma, pág. 116
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 08/05/2010
Reeditado em 17/08/2020
Código do texto: T2244218
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