SONATA AO LUAR
Se fosses minha, como és da rua,
sem dúvida maior do amor mundano,
sem o temor da entrega, sem recua,
destemendo da dor de um desengano;
Pudesse conceber-te toda nua,
do senso de pecado o mais profano,
eu te faria uma sonata, ó lua!
nas teclas teosofistas de um piano.
Tocaria o teu corpo cor de prata
como se fosses lira dos aedos
nos mais sublimes sons de serenata.
Em partitura parca de segredos
eu te faria, ó lua, uma sonata
num piano plangido por meus dedos,
loando levas de meus sonhos ledos
em cultuosa e clerical cantata!
Odir, de passagem.