Soneto à Lusitânia
Minh'alma, em um esquife tripulada,
percorre o denso Tejo e, Trás-os-montes,
deságua em uma torrente atormentada,
ali, no limiar do horizonte.
De longe, delineam-se os Açores,
e - mais imaginada - a Madeira,
e o sol, feito deitado 'n'uma esteira,
mergulha a manhã em um chá de cores.
Minh'alma entoa um fado, encantada,
de Breyner e Pessoa, entorpecida,
de Espanca, a chupar toda a tristeza
Minh'alma e a tua, em vinho mergulhadas
irmãs trincadas, mãos compreensivas,
simétricas! Qual pedras portuguesas.