Pelo Caminho

Há tanto tempo ando nesta estrada

que até as suas pedras sei de cor;

já não lhes volto a vista fatigada

e agora presa a uma aflição maior.

O que farei no fim deste caminho?

Que contas a ajustar terei, não pagas,

se depois de toda a vida andar sozinho

só guardo do que fui lembranças vagas?

Terei pecados que são imperdoáveis,

momentos de maldade ou covardia

ainda vivos depois de tantos anos?

Ou será que os defeitos mais notáveis

foram os de colocar, sempre em poesia,

tudo que está nos corações humanos?

Amaury Nicolini
Enviado por Amaury Nicolini em 01/05/2010
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