Pelo Caminho
Há tanto tempo ando nesta estrada
que até as suas pedras sei de cor;
já não lhes volto a vista fatigada
e agora presa a uma aflição maior.
O que farei no fim deste caminho?
Que contas a ajustar terei, não pagas,
se depois de toda a vida andar sozinho
só guardo do que fui lembranças vagas?
Terei pecados que são imperdoáveis,
momentos de maldade ou covardia
ainda vivos depois de tantos anos?
Ou será que os defeitos mais notáveis
foram os de colocar, sempre em poesia,
tudo que está nos corações humanos?