Soneto

Quero agora morrer tuberculoso,

Inda que feito os Grandes me não vale:

Porquanto a pena às deles desiguale...

Porquanto me falta ver-me glorioso!

Sinto já desalmado o vaporoso

Peito inerme; que por mim ele fale,

Cante, suspire, chore, ria, inale

Tudo o que me faz vil e furioso,

Se dado o instante da nua verdade!

Se dado o instante da verdade nua,

Exploda-me no peito a tola idade

Que me tanto desengano extenua;

Esqueça-me o Fado sua piedade,

Porquanto perdeu-me já a fé sua!

Jack Fernandez
Enviado por Jack Fernandez em 30/04/2010
Código do texto: T2229077
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