soneto meia boca para um poeta sonhador
do sonho que eu sonhava eu fiz meu tempo,
do tempo que eu perdia eu fiz poemas,
dos poemas mais medíocres, mi’as penas
fiz eu que fossem plumas com o vento.
do vento que assoprava eu fiz meu canto,
do canto que eu cantava eu fiz a vida,
da vida que eu vivera entontecida
fiz eu entre os meus erros meu engano.
do engano que eu fizera incorrigível
fiz lendas entre os mitos mais antigos,
fiz teias das aranhas com minh’alma.
minh’alma que era eterna então morria
e dela, então, mais nada eu não fazia,
e fez-se, sem meu tento, o que eu sonhava.