Precipício
Manhãs saindo em um insólito arrebol
Os dias passando, incólume interstício
Ensaiei meu discurso para lua e ao sol
Lamentar este sofrer, meu novo ofício
Que para este final, tudo corre em prol
Me encontrei, escravo, deste meu vício
Num ostracismo, me fecho, em caracol
Que passo meus dias neste desperdício
Já me ponho, a encenar o meu comício
Não sei qual o fim, ou se terá um início
Da insanidade, já desconfiei um indício
E perambulei no limiar do meu hospício
Sentindo na angústia, o próprio suplício
Uma vida às margens do meu precipício
Valdívio de O. Correia Júnior 27/04/2010