Tardezinha do sertão



A tardezinha faz a última carreata,
E o verdejante bordado vai sumindo,
A noite vem, e o coqueiro não desata,
Debaixo do pequizeiro seco e rindo.

A palmeirinha se arreganha e dá palmas,
E o pequizeiro revida firme e seco,
Com suas majestades no ápice: são almas,
Ele não cai mesmo morto não faz beco.

E os urubus-rei cabeça de urucu,
Observam tudo e todo o continente,
Até a vazante do Rio Itapecuru.

Erige sentinela por todo o meu sertão,
Com terno preto e agasalhado lá no alto,
Observa até quem morreu do coração.




ERASMO SHALLKYTTON
Enviado por ERASMO SHALLKYTTON em 25/04/2010
Reeditado em 03/10/2011
Código do texto: T2218040
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.