"Relógio"
(Luiz Henrique)

Relógio que conta de segundo a segundo
Nos escraviza pela força do sombrio compasso
Silencioso e discreto dominas tudo neste mundo
O tempo de amar, de sofrer, da despedida e do abraço

Relógio que conta de minuto a minuto
Faz-se sempre doído teu telintar ritmado
Para os noivos ou para as viúvas em luto
Na saudade do solitário e no prazer do bem amado

Relógio que conta de hora a hora
Registra com precisão de cada um o seu momento
Qual a tua utilidade ontem, amanhã ou agora
Se passas igualmente as horas de prazer ou tormento?

Relógio que conta de dia a dia, a cada dia
Nos impõe o acordar, o trabalhar e o dormir
Teus passos curtos ou longos são constante agonia
Por autocracia defines o momento do nascer e do partir

Companheiro das noites insones, cuja maldita missão é desperta(dor)
Regenere-se. E ao acordá-la amanhã desperte em seu coração igual amor



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