Soneto sem fé

Esfuma-se a fé na ribalta dos sonhos

Na película seda das nuas folhagens

Há um verde em meus olhos tristonhos

Cristal humedecido, sombra de ramagens

Pluviam-se rios de lágrimas contrafeitas

Arrastam-se dores no leito dos tempos

Almas aturdidas, esperanças desfeitas

Música que oiço sempre a contratempo

Há um limbo emergente, feito de nada

Sírios sem padroeira, ateus de memória

Um devir ausente pela madrugada

Roçando a apatia, entregue à sorte

Resta agora a vida que se vê lá fora

É noiva de luto, boda sem consorte

Fana
Enviado por Fana em 22/04/2010
Código do texto: T2213195
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