Sonetos

Tu

Sinto-me como se não a tivesse olhado e visto,

Ao voltar lembro-me que fiquei claro evidente,

Porém o tempo fez do momento um instante instinto,

Uma saudade, nostalgia em tudo que se sente.

Tudo que se sentia caminhava com força total e me consumia,

Sentado em meio há tantos rostos, almas e corações,

Era a falta da tua que me transformava e me envolvia,

Rememorando-me de nossas semelhanças e atuações.

De modo tão simples que talvez nunca imaginária,

Finalmente descubro que é o seu todo me faz voltar,

E tu és o que busco e somente em sonho a encontraria,

É na tua alma que penso, sinto, estive e pareci não estar,

Entoei palavras que há muito tempo não proferia,

E ouvia tua voz melíflua que me fez de novo sonhar.

A Meretriz que em Sonho Amei

Ao enaltecer do qual dar-lhe o vinho oneroso.

Importa-lhe a veste de veludo e branda.

Valoriza-se o qual lhe for mais generoso.

Feita de drupa pelo estranho que lhe manda.

Penetra-se com o valor que é inatingível.

Vende-se por fora para que lhe adentram.

Faz o que lhe é destinado sendo afável.

Não há aqueles que a encontram.

Existe uma essência funda e hermética,

Que não mais é vista e reconhecida.

A todos e a ela é pura mentira estética.

Vive-se dos outros e em ti falecida,

Torna-se de carne e alma elíptica.

E sobrevive-se somente sendo pérfida.

Dolo

Solene face fúnebre,

De sorriso de lume.

Levaste-me ao lúgubre

Sem odor ou perfume,

Como elipse soturna

De olhos de aparo,

Teus lábios de fortuna

Deram-me um escarro.

Mostrou-me a vida

E todo seu vigor,

Fez-se moribunda.

Serviu-me de ludibriador

E ainda tão funda,

Sinto-a somente em dor.

Diego Martins
Enviado por Diego Martins em 22/04/2010
Código do texto: T2212576
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