SONETO DA INFIDELIDADE
SONETO DA INFIDELIDADE
Em nada ao meu amor serei atento,
antes, só por descaso e desencanto
que mesmo seja meu o teu encanto
dele me desencante o pensamento.
Não viverei por ele um só momento
e de tristeza hei de calar meu canto
e cantar de alegria com meu pranto
o seu prazer ou descontentamento.
Tomara esse feliz de quem não ama
talvez a vida, sonho de quem morre
assim mais cedo um dia me procure
e dele eu fale que sequer foi chama
e não sendo infinito a quem socorre
não me seja infinito ainda que dure.
Afonso Estebanez
(Réplica ao ‘Soneto da Fidelidade’
De Vinicius de Moraes)