Soneto IX
Desde nascido, preso ao natural,
O homem, que insuporta o finito,
Tornou a si mesmo o veredicto
De ser cria suprema e imortal.
Que sina, se nos é o tempo eterno,
O viver do momento nos é fútil,
A razão do existir nos é consútil
E o passado nos é o hodierno.
Mas, se na ânsia de mudar o gênero,
Se aceitássemos, em sibilo rouco,
Se fosse o ser clamado efêmero
Tornando a morte qual um cabouco,
O mundo nunca nos seria mero,
A vida nunca nos seria pouco.