Sonetos

A semelhança

Em um tempo ambicionei ser aquilo que tu foste um dia,

Assemelhei-me tanto a ti que imediatamente odeio-me.

Aflorei-me como não era, derramei-me no que não fui, mentia.

Permaneci inerte em tuas utopias egocêntricas detestáveis, receio-me.

De ti tenho ódio e lamúria, por sonho desejo o teu fim.

A ânsia de ouvi-la mesmo que em meus pensamentos distantes.

Devora-me quando me procuro, em uma foto, em um espelho, em min,

E é impossível continuar nestas perenes lutas constantes.

Acabei-me por entender que não há desando nesta vida,

Cada passo dado e fincado foi quando a decisão fez-se inativa.

Confesse-se em minha frente com teu ar prepotente de partida,

E faça um favor a ambos, busque a parte em ti viva,

Intitulada nós e a mate, enterre-a em uma cova sem saída.

Antes que esta falsa sensação em mim volte e reviva.

Desejo-te

Faz-me de forma intensiva desejá-la,

Como da primeira vez que acreditei,

Sem que seja a última que o farei,

Assim como o sonho que é almejá-la.

Em teus lábios irei realizá-la,

Em um profundo dia lhe confiarei,

E não é isto apenas que esperei,

Estas palavras sonhadas, ei de prová-la.

Irá além de um simples entoá-la,

E mesmo que ante ti as ansiei,

Nunca, jamais irei desapontá-la.

Mentirei pelo teu amor que cobicei,

E pela vida que vivo a amá-la,

E se não mais ver-te, então morrerei.

Amar-te-ei

A alma despedaçou ao perder-te,

Estendendo o negrume de asas nebulosas

De ilusões perenes, que me são acenosas,

Ausentando-me ainda de ter-te.

Se lá junto à dor não me é possível ver-te,

Ao longe inda há memórias gloriosas,

Por onde jamais dantes andam receosas,

E que tão tarde suplantam o esquecer-te.

Dias empós noites ao ausentá-la,

A melancolia veio rezingar e ficou.

Outrora antes um cessar de tê-la,

Por ventura cedo o olvidar a levou

E de tudo foi um lutuoso deixar de senti-la,

Que veeiro, todavia dissipou e minh’alma matou.

Diego Martins
Enviado por Diego Martins em 19/04/2010
Código do texto: T2205689
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.